O Chef
Tanka Sapkota nasceu no Nepal, tem coração português e alma italiana.
Tanka Sapkota, chef de renome e proprietário dos prestigiados restaurantes Come Prima, Forno d’Oro, Il Mercato e Casa Nepalesa, todos em Lisboa, une as tradições culinárias do Nepal com a paixão por Portugal e Itália. Através de uma cozinha que valoriza ingredientes sazonais e métodos tradicionais, Tanka não só encanta os paladares, mas também se dedica a enriquecer a comunidade com iniciativas solidárias e de promoção cultural. Premiado internacionalmente, o seu compromisso com a excelência e a responsabilidade social reflete-se em cada prato. Junte-se a nós para uma experiência gastronómica única, onde cada refeição é uma celebração da vida, da natureza e da gastronomia autêntica.
As raízes nepalesas e o coração português combinam-se numa proposta transversal a todos os meus restaurantes: uma experiência emocional que celebra a gastronomia, a natureza e a vida.
O meu foco é o produto e a simplicidade na cozinha. Seja a trufa de Alba com “cabelos de anjo” no Come Prima, a pizza napolitana com 36 horas de fermentação no Forno d´Oro, a massa fresca biológica da casa do Il Mercato como se fosse em Itália ou o cabrito certificado na Casa Nepalesa onde se evoca a aldeia que espreita os Himalaias. A tradição que respeita e preserva as receitas de antigamente. As estrelas da minha cozinha são os produtos sazonais, cultivados ou selvagens, mas sempre com um sabor autêntico, genuíno.
É entre tachos e panelas que deixo a minha marca e o meu entusiasmo por cada um dos pratos que, de alguma forma, nos fazem regressar aos sabores da memória ou nos transportam numa viagem a lugares onde nunca estivemos. Percebi cedo que a gastronomia estava no meu caminho.
Biografia
Nasci em Damek a 15 de janeiro de 1974, cresci numa família de agricultores nas paisagens serenas do Nepal e compreendi, mais tarde, a riqueza de um lugar onde o trabalho das alfaias e a lida dos animais nos deixa marcas para sempre. Hoje as coisas são bem diferentes, mas naquela época saí do meu país, em parte para fugir à tradição dos casamentos arranjados. Acabei por abandonar o curso de Direito e rumei a Estugarda, na Alemanha. Aí comecei por lavar loiça, passei para ajudante cozinha, fiz pizzas, estive como empregado de mesa e, no final, atingi meu sonho ser chef.
Numa viagem a Portugal, apaixonei-me de imediato pelo país e pelo seu povo e uma estadia prevista para duas semanas transformou-se numa vida. Foi em Lisboa, em 1999, que abri o meu primeiro restaurante, o Come Prima. Porém, considerei que o meu conhecimento não era suficiente e quis estudar em Itália. O restaurante ficou nas mãos da minha mulher, enquanto frequentei a prestigiada Gambero Rosso Academy. Ainda no país, tive a oportunidade de aprender com grandes mestres, como os prestigiados chefs Gualtiero Marchesi, Igles Corelli e Paolo Trippini ou os pizzaiolos Gabriele Boci, Franco Pepe e Enzo Coccia. Na minha consciência sinto que tenho três grandes dívidas: a primeira com os meus compatriotas nepaleses e o Nepal, outra com os italianos e Itália e por fim com Portugal e o povo português que tão bem me acolheu.
Na minha terra natal tento ajudar quem mais precisa e esforço-me por promover a culinária e difundir a sua cultura. Entretanto, sob minha influência, o meu pai alienou o seu património e associou-se à Fundação Gurukul Vidyapeeth. O montante reunido serviu para ajudar crianças necessitadas do Nepal a prosseguirem os seus estudos. No que diz respeito a Itália, produzi a série documental “Taste of Italy”, entretanto adquirida pela estação de televisão CNN, em conjunto com os meus amigos Duarte das Neves e Tiago Carvalho, e que contribuiu para a divulgação de pratos e produtos italianos, uma pequena contribuição na minha dívida de gratidão para com Itália e o seu povo.
Em Lisboa, durante a pandemia, quis ajudar quem foi mais afetado e entreguei mais de 10 mil pizzas pelos bairros de Lisboa, com a ajuda da Câmara Municipal. Porta a porta, distribuímos as pizzas com a mesma qualidade com que sempre as servi no Forno d’Oro, mas feitas em cada um dos bairros com um forno móvel a lenha. Um trabalho que me encheu de grande satisfação. Envolvi-me também na produção e divulgação do trigo Barbela, uma variedade ancestral, e na apanha de boletos, túberas e espargos silvestres, diretamente da natureza, que mais tarde proponho nos meus pratos. Ainda em Portugal, em parceria com as entidades governamentais e académicas, estive com o meu amigo trifolau (caçador de trufas) Giovani Longo e as suas cadelas pisteiras Lola e Laika, para correr o país de norte a sul à procura de trufas. Depois de dois anos de procura, finalmente encontramos Trufas em Portugal, pela primeira vez na história da gastronomia Portuguesa. A família, os amigos e o meu percurso foram-me mantendo nesta cidade solarenga e vibrante.
“Não posso mudar o mundo, mas posso ajudar a melhorá-lo”.
Chef Tanka Sapkota
Vivo no centro de Lisboa com a minha mulher Sita e os meus filhos Anjali e Adarsha, a poucos minutos dos meus restaurantes. Quero criatividade, sentimento e harmonia na minha cozinha. São locais onde os clientes se tornam amigos, onde a comida tem uma história para contar e onde todos são bem-vindos. É um universo que não separo da minha própria forma de estar e encarar a vida. Como no Nepal, em que hindus e budistas sempre viveram lado a lado, ou em Portugal, onde as portas sempre se foram abrindo, o caminho deve seguir um estado de clareza mental e emocional que persigo todos os dias. Pratico meditação três vezes por dia e, desta forma, tento tornar o mundo num sítio melhor para mim e para todos aqueles que me rodeiam. O que vejo, penso e sinto é refletido na minha cozinha e enche-me de orgulho todos os dias.
Uma palavra de agradecimento e reconhecimento aos familiares e à restante equipa que comigo trabalham diária e arduamente nos quatro restaurantes para entregar aos fregueses o que de melhor temos para oferecer. Entre outros prémios nacionais e internacionais, recebi a ordenação como cavaleiro da “Ordem das Trufas e dos Vinhos de Alba” em Piemonte, o “Pizza Top 50 Award”, a inclusão na lista dos 70 “Restaurants in the World by The Extraordinary Italian Taste” e “Melhor Jovem Empresário Empreendedor do Ano 2016 da AHRESP”. São um reconhecimento da minha cozinha e de todos os que avançam comigo. São distinções que me recordam a responsabilidade social e a solidariedade.
É preciso ajudar quem mais precisa e influenciar outros a fazerem o mesmo. Quero deixar o mundo melhor do que o encontrei. A gastronomia também é mudança e renovação. As pessoas precisam de esperança, ternura… e comida bem feita.